quarta-feira, 24 de novembro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bomba-relógio

Me dá um abraço,
mas bem demorado.
Tem tanta poesia aqui dentro
- guardada no peito -
que meu coração tá apertado.

Me dá um sorriso;
e me deixa deixar
esse sentimento todo sair
pra te encontrar.
É só o que eu preciso
pra não explodir.

Pra não desandar.

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Um abraço faz bem pra caramba, e todo mundo sabe disso. Ponto. Ainda mais o abraço de quem a gente deixou tornar-se essencial.
Mesmo assim, independente de quem seja, abraça alguém hoje, se rolar a oportunidade. Não custa nada e o resultado é sempre positivo! E tu nunca saberás quando tu podes estar precisando de um, também...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viola

Roço os dedos em teu braço,
te agarro firme pela cintura.
E tu sussurras, com ternura
a cada carícia que te faço.

Fazer música é como fazer amor:
é arrepio na espinha, o pêlo eriçado.
E acima de tudo,
é um tesão arrebatador.

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Não coloquemos proporções em jogo, claro. Aliás, melhor nem comentar nada. Interpretações (e conclusões) ficam a cargo do leitor.

Conclusão

Dissociar amor e dor
é como fazer sem musa uma poesia.
Não tem rima.
Não tem cor.
Não tem serventia.

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E a gente segue amando, porque não vive sem isso! É uma das coisas que tornam tudo tão real, eu acho. Nas sábias palavras de Camões: "Amor é um fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer".
Tira a gente dos eixos e põe de volta de novo. E faz com que a gente viva nossa vida mais intensamente, mesmo quando dói.
E falando em dor, ah quanta saudade...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ode à preguiça

Parece até transmutação,
mas a vontade de ficar na cama,
de chutar longe o despertador que chama,
virou vontade e fez-se ação.
-Mas a verdade é-
que bem melhor que estar correndo
é pensar na vida enquanto segue chovendo;
e deixar a obrigação pra outra hora
ou praquele povo que se amontoa lá fora.


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Poeminha reciclado, que recordar é viver. Até tenho coisas novas pra colocar aqui, mas esse sem dúvida descreve bem os últimos dias. Bah, que fecha o tempo e o vivente fica numa falta de vontade que chega dar nojo. E eu que não tinha nada contra dia cinza, hehehe...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Whiskey n' Blues

É um brinquedo solitário
esse tilintar do gelo contra o vidro.
É uma garrafa a menos no armário.
É uma preocupação a menos com o tempo que foi perdido.

Esquentar a cabeça não tá com nada;
ninguém recolhe a carta que já foi jogada.
O lance é relaxar enquanto o mundo se explode;
por isso aumenta esse som e deixa o blues rolar, bróder.

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Verdade seja dita: nada como um bom som (ou um bom violão) pra desopilar as idéias. Às vezes a melhor coisa a fazer é esquecer um pouco de tudo e dar férias pra cabeça, dando trabalho é pros ouvidos. Não digo que se deva largar mão de tudo, muito pelo contrário. Mas entre pensamentos sérios, um pouco de descompromisso pra sedimentar as idéias não cai nada mal...

domingo, 3 de outubro de 2010

Trago
uma ébria sensação de que algo está errado.
Tomo
as rédeas da situação enquanto tudo parece embaçado.
Bebo,
porque tá parecendo que a alegria se liquefez
E vivo
levando um fim de semana de cada vez.
Ando,
aliás ando enquanto ainda posso.

Bah velho, pára de ler isso e me dá mais um gole desse troço!

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Nada como um tragoléu de vez em quando pra resetar a cabeça! Fim de semana de sol, eleição pra gente rir um pouco da situação e fazer de conta que (não) se importa. Há dias sem um bom mate, mas de que importa, se a cerveja tá gelada e a galera reunida? Bom demais ver o pessoal de uns tempos atrás! Bota o humor da gente nos eixos, mesmo...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cambacica

Tens a certeza da flor que te espera
tens o gosto doce da primavera
e não queres nada além.

E pra te dizer sinceramente
te invejo profundamente.
Te invejo como ninguém.

Tens jasmins, tens laranjeiras
tens hibiscos, quantos queiras
tens todos ao teu dispor.

E eu cá sonho, modesto
e a ti meu desejo confesso:
é pedir muito, querer pra mim uma só flor?

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Saiu o sol, pra dar uma cara feliz pro dia! Com um vento pra dar uma varrida em tudo o que não presta! E na verdade, mesmo com a vontade enorme de fazer festa, no que pra mim é um dia muito especial, resolvi ficar na minha, e deixar o dia passar meio em piloto-automático. Sem vontade de pensar muito, deixei a febre da primavera bater um pouco. Quem sabe tire o dia de amanhã pra pensar por hoje?

domingo, 26 de setembro de 2010

Velha companheira

Ah, saudade
companheira amarga
como o mate, que solito sorvo
e que enche meu peito, sem aprovo
com pesares sem necessidade.

Não procede, na verdade
ser saudoso com tristeza.
A saudade, com certeza
é a lembrança do que é perfeito
e a promessa de que, do mesmo jeito
tudo será bom de novo.

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Um chimarrão debaixo de uma árvore lava a alma. Não que eu acredite que o mate tenha alguma propriedade em particular, mas o simples fato de parar e não pensar em nada por um momento, enquanto a cuia esvazia, faz muito pela gente.
O friozinho (quem sabe um dos últimos do ano) deu uma ajuda, também. Me deixa calmo e otimista.
É bom o hábito de parar um pouco e tentar pôr ordem na casa. Reciclar idéias. Repensar e renovar atitudes. É tão bom, que a cabeça relaxa e até uns versos começam a aparecer, de novo.

Já não era sem tempo, mais uma vez.

A saudade tá aí, martelando no peito como sempre. A gente meio que se acostuma com ela, e deixa de ouvir tanta coisa boa que ela tem pra ensinar. Saudades de uma risada, de um amigo, de um lugar, de um carinho, do melhor carinho... são na verdade uma coisa feliz. Um sinal de que faz falta, porque é bom. De que vale a pena cultivar.

Como a saudade de escrever poesia.